Crossings
O que é um lar? O que me dá a sensação de pertencer a um lugar? Quem decide se pertenço a um lugar que escolhi, mas onde não nasci? Como a migração afeta o senso de integridade e o relacionamento com os outros? O que faz com que um grupo de pessoas se defina como uma comunidade, mesmo que tenham origens radicalmente diferentes?
No âmbito do Holland Festival, Christiane Jatahy apresentou em 2024, pela primeira vez, seu Crossings, uma instalação documentária ao vivo itinerante no espaço público, com foco em questões de lar e identidade em bairros específicos. Em Amsterdã, ela apresentou Crossings em dois parques públicos de dois locais muito diferentes – Zuid-Oost e Noord – áreas que passaram por profundas mudanças demográficas na história recente, por meio de migração ou gentrificação. Tanto os protagonistas quanto o público de Crossings são, em primeiro lugar mas não só, os habitantes desses bairros.
O dispositivo é muito simples: um pequeno cenário com algumas cadeiras, duas câmeras e microfones, onde Christiane conversa com pessoas da comunidade, um grupo pré-selecionado que representa sua diversidade e contradições – personagens locais, artistas, donos de bares, jornalistas, ativistas… alguns profundamente enraizados no bairro, outros recém-chegados.
Essas conversas estão sendo editadas em tempo real e transmitidas ao vivo para uma tela de projeção na frente de um público.
Ao acrescentar suas próprias perguntas à conversa, os espectadores também se tornam participantes; e a instalação ao vivo em tempo real de Crossings se revela como um open space para falar, ouvir e se conectar, onde as pessoas compartilham suas experiências de vida, histórias, idiomas e origens para estabelecer um denominador comum.
Crossings
Instalação/performance in situ
Criação, dramaturgia e performance Christiane Jatahy
Colaboração artística Thomas Walgrave
Fotografia e câmera Paulo Camacho
Concepção de vídeo Julio Pariente
Produção e colaboração Henrique Mariano