Na solidão dos campos de algodão

As peças de Bernard-Marie Koltès são exageros míticos da realidade e sempre se passam ao ar livre, geralmente ao anoitecer, na transição do dia para a noite. Enquanto outros autores trabalham com mudanças de lugar e tempo, o tempo sempre corre linearmente nas peças de Koltès, sem interrupção do início ao fim da peça. É o aqui e agora em que as pessoas se encontram, se aproximam e se repelem, esbarram em paredes, brigam, se perdem em sua linguagem e tentam formular o que lhes interessa, uma conversa com obstáculos em que a presença física dos corpos é mais importante do que sua metáfora.

Na solidão dos campos de algodão foi escrita para dois atores e trata do encontro noturno de um vendedor com um cliente: o vendedor tenta identificar os desejos do cliente para lhe fazer uma oferta, o que, por sua vez, abre uma discussão capitalista abrangente sobre os princípios de aquisição desses bens. É um jogo habilidoso, movido pelo vazio de um sistema que pressupõe o “desejo” do consumidor para que ele próprio exista. Um jogo em que se inicia uma exploração complexa dos mundos e de seus sistemas de valores, uma luta pela compreensão.

Trinta anos após sua estreia, o texto de Koltès, raramente apresentado, é levado ao palco por Christiane Jatahy como uma experiência única para atores e público, transformando o teatro em um lugar onde dois estranhos se encontram. Enquanto cinco atores do elenco do Thalia assumem o papel do “traficante”, eles encontram a cada noite outro “cliente”, cada apresentação interpretada por um refugiado diferente. Diferente a cada noite, como um ciclo interminável de encontros ao anoitecer, em que a cada vez um novo negócio é negociado.

Na solidão dos campos de algodão

por Bernard Marie Koltès

Criacão e direção Christiane Jatahy

Com Sandra Flubacher, Julian Greis, Franziska Hartmann, Daniel Lommatzsch, Tim Porath

Cenografia e iluminação Thomas Walgrave

Colaboração artística Henrique Mariano

Tradução simultânea e assistente de direção Juliane Elting

Figurinos Sina Brüggemann

Dramaturgia Sandra Küpper

Assistente de direção Agnes Oberauer 

Assistente de cenografia Sina Brüggemann

Cartaz Anja Haß 

Hospedagem Hisham Mahmood, Ahmed Said (diretor)

Gerenciamento técnico Thalia Gaußstraße Jan Wiechmann 

Tecnologia de palco Markus Alsen 

Iluminação Susanne Ostwald, Benjamin Blessing, Tilmann Cassens, Malte Zimmermann

Tecnologia de som/vídeo Tim Jarchow, Jacob Rothstein

Maquiagem Julia Wilms

Oficinas de figurino Ann-Katrin Mohr

Mestres de figurino Christian Pursch, Beate Dünnwald 

Adereços Ralf Gebert, Ulrike Rustemeyer-Kötter, Kirsten Stahnke 

Sala de pintura Marten Voigt

Marcenaria Peter Bruns 

Serralheiro Peter Büttner Cabide de papel, Michael Breiholz

Pintura de figurino Klaudia Noltensmeyer 

Conceito técnico Andreas Dietz

Gerenciamento da oficina Thomas Mundt

Agradecimentos especiais 

Mostafa Ahmadi, Qasim Ahmed, Ghodrat Aria, Shorouk el Hariry, Mohammad Kayali, Samson Mebrahtu, Mohammad Javid Mohammadi, Emmanuel Luka Musa, Malika Musaeva, Kais Razouk, Mohammad Jawad Rostami, Ashutosh Sharma

Produção Thalia Theatre

Mais informações aqui : https://www.thalia-theater.de/en/play/in-der-einsamkeit-der-baumwollfelder-2017