Christiane Jatahy
Nascida no Rio de Janeiro, Christiane Jatahy é autora, diretora e produtora. É formada em teatro e jornalismo e tem mestrado em arte e filosofia.
Desde 2003, vem desenvolvendo seu trabalho em torno de zonas fronteiriças: fronteiras entre disciplinas artísticas, entre realidade e ficção, o ator e o personagem, teatro e cinema. Suas primeiras performances incluem Conjugado (2004), A falta que nos move (2005) e Corte Seco (2009).
Em 2010, ela lançou seu primeiro longa-metragem, A falta que nos move, baseado na peça de mesmo nome. Apesar de sua configuração radicalmente experimental – o filme foi filmado em uma sequência de 13 horas, na véspera de Natal, em uma única locação – foi amplamente aclamado, permanecendo nos cinemas do Brasil por mais de 12 semanas e sendo convidado para vários festivais internacionais.
O material bruto do filme foi exibido em formato instalação em três telas de cinema com projeções simultâneas, durante 13 horas continuas na Parque Lage no Rio de Janeiro, no Teatro São Luiz em Lisboa e no Le CENTQUATRE em Paris.
Em 2011, Christiane Jatahy criou Julia, uma adaptação livre de Senhorita Julia, de Strindberg, na qual aprofundou sua pesquisa sobre os espaços de tensão entre o teatro e o cinema. A peça ganhou o Prêmio Shell 2012 de melhor direção no Brasil e já foi apresentada mais de 300 vezes nos principais teatros e festivais da Europa e dos Estados Unidos. O espetáculo ainda continua em turnê.
Em 2012, como parte do programa cultural dos Jogos Olímpicos daquele ano, criou, dirigiu e coordenou In the comfort of your own home, uma série de intervenções, documentários, performances e videoinstalações de 30 artistas brasileiros na intimidade de residências em Londres. O processo de criação de In the comfort of your own home foi capturado em um filme documentário, que estreou com o mesmo nome em Lisboa em 2018, no contexto de Christiane Jatahy artista na cidade.
Em 2013, desenvolveu o projeto de instalação audiovisual e documentário Utopia.doc, sua primeira pesquisa sobre as questões de lar, exílio e refugiados. Esse projeto foi apresentado em Paris, Frankfurt e São Paulo.
Em 2014, ela estreou E se elas fossem para Moscou? um espetáculo baseado na peça As três irmãs de Anton Chekov. Dividindo o público entre um cinema e um teatro (e invertendo-os no intervalo), E se elas… foi um enorme sucesso de público e crítica, ganhando o Prêmio Shell de Melhor Direção, o Prêmio Questão de Crítica e o Prêmio APTR no Brasil, além de ser amplamente aclamado pela imprensa em muitos países.
Em 2015, Christiane Jatahy concluiu a Trilogia da Memória (incluindo Julia e E se elas fossem para Moscou?) com a criação de A floresta que anda, inspirada em Macbeth de William Shakespeare, combinando performance ao vivo, instalação de vídeo e cinema ao vivo.
Em 2016, Christiane Jatahy dirigiu sua primeira ópera, encenando Fidelio, de Beethoven, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, combinando performance ao vivo, elementos cinematográficos e um coro lírico.
A convite da Comédie Française, ela criou em 2017 A regra do jogo, baseada na obra-prima de Jean Renoir. No mesmo ano, o Festival Theater der Welt e o Thalia Theatre, em Hamburgo, lhe deram carta branca para imaginar e criar a instalação/performance Moving people, novamente baseada na questão dos refugiados, bem como uma adaptação de Na solidão dos campos de algodão, de Bernard-Marie Koltès.
Em 2018, a cidade de Lisboa a nomeou Artista na Cidade, e ela apresentou seu trabalho ao longo do ano nos principais teatros, cinemas, festivais e espaços culturais da capital portuguesa.
No mesmo ano, levando adiante sua pesquisa sobre questões de refugiados, ela começou a trabalhar em um díptico, Nossa Odisséia, inspirado na Odisséia de Homero. A primeira parte, Itaca, estreou no Odéon-Théâtre de l’Europe em Paris, conectando o épico de Homero com a realidade dos refugiados que atravessam o Mediterrâneo.
Em 2019, a segunda parte, O agora que demora, cruza a Odisseia com material documental filmado na Palestina, no Líbano, na África do Sul, na Grécia e na Amazônia. É um diálogo entre o teatro e o cinema, misturando a ficção grega clássica com as histórias reais de artistas refugiados. Depois de apresentações em pré-estreia no SESC São Paulo O agora que demora estreou no Festival de Avignon.
A situação no seu país natal, o Brasil, nos anos sob a presidência de Bolsonaro, levou Jatahy a desenvolver a Trilogia do Horror, abordando uma série de questões estruturais subjacentes à mudança do país para a extrema direita. A primeira parte, Entre Chien et Loup (Crepúsculo), produzida pela Comédie de Genève e estreada no Festival de Avignon de 2021, dialogou com o filme Dogville de Lars Von Trier para estudar os mecanismos do fascismo numa pequena comunidade.
Na segunda parte, Before the Sky Falls (estreada no Schauspielhaus de Zurique em outubro de 2021), o Macbeth de Shakespeare encontra-se com A Queda do Ceu – o fabuloso relato de Davi Kopenawa e Bruce Albert sobre a cosmologia do povo indígena Yanomami e o seu encontro com uma sociedade capitalista – para abordar a violência da masculinidade tóxica, o poder político do patriarcado e o seu ataque inerente ao feminino em todas as suas emanações – mulheres, crianças e, em última análise, a natureza e a própria terra.
Depois do Silêncio é o último capítulo da Trilogia do Terror. Partindo do romance Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, e de Cabra marcado para morrer, monumento do cinema documental brasileiro, de Eduardo Coutinho, Depois do Silêncio foca o racismo estrutural e as questões de casa e território. Estreou no Wiener Festwochen em junho de 2022.
Durante a temporada 2021-2022, Christiane Jatahy foi artista convidada no MUCEM de Marselha, apresentando várias das suas criações, bem como uma série de propostas e intervenções concebidas in situ.
Em 2023, Christiane Jatahy dirigiu O garoto da última fila, texto de Juan Mayorga, no Schauspielhaus de Zurique, um estudo em sala de aula sobre como a ficção pode manipular a realidade.
No mesmo ano, criou a sua segunda ópera, Nabucco, no Grand Théâtre de Genebra, transformando a obra-prima de Verdi num hino à esperança e à resistência.
Em 2024, Jatahy encenou Hamlet – nas dobras do tempo no Odéon Théâtre de l’Europe em Paris, relendo radicalmente o Hamlet de William Shakespeare à luz de questões contemporâneas de gênero, violência/guerra, a relevância da ação e a maneira como a história do teatro as abordou.
Em janeiro de 2022, Christiane Jatahy recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza por seu trabalho no teatro.
Christiane Jatahy foi artista associada ao L’Odéon Théâtre de l’Europe Paris (2016-2024), Arts Emerson Boston (2019-2024), Schauspielehaus Zurich (2019-2024) e o Piccolo Teatro di Milano (2020-2024).
Atualmente, Christiane Jatahy é artista associada do CENTQUATRE-Paris.
Sua companhia, Compagnie Vertice-Axis Productions, é subsidiada pela Direction Régionale des affaires culturelles d’Ile-de-France, Ministère de la Culture France.

COLABORADORES PERMANENTES
THOMAS WALGRAVE – Colaborador Artístico, Cenógrafo e Iluminador
HENRIQUE MARIANO – Diretor de produção, tour manager e colaborador
JULIA BERNAT – Atriz e colaboradora
STELLA RABELLO – Atriz e colaboradora
MATTHIEU SAMPEUR – Ator e colaborador
PAULO CAMACHO – Diretor de fotografia
MARCELO LIPIANI – Cenógrafo
JULIO PARENTE – Sistema de imagem
VITOR ARAUJO – Compositor musical
CLAUDIA PETAGNA – Administradora
PEDRO VITURI – Desenho de som